Pirata do mar, corsário do rei
Na Antigüidade, os gregos já enfrentavam problemas com os ataques de piratas e corsários. [ ... ]
Os gregos chamavam habitualmente os fenícios e os cretenses de pira tas. Isso quer dizer que, naquela época, eram piratas todos os povos rivais dos gregos que habitavam as regiões costeiras. [. .. ] Assim, a palavra pirata era usada pelos gregos [ ... I. enquanto a expressão corsário vem do italiano. A diferença entre as palavras revela outra distinção: a pirataria era uma atividade ilegal, era o "roubo" e aplicava-se ao "ladrão do mar". Já o corsário e o corso cumpriam um serviço oficial, autorizado; o corsário estava a serviço de um governo. Por isso, o pirata era uma ameaça e um inimigo da sociedade, enquanto o corsário era um servidor do rei, um defensor da ordem.
Os corsários eram, por isso mesmo, incentivados e financiados por um rei que assegurava as forças na vais. Naquele tempo não havia marinha como hoje. Por isso, os marujos eram recrutados nos portos, trabalhando em troca de um salário ou em troca de uma parte do saque aos inimigos. [ ...]
Já os piratas, na maior parte das vezes, só contavam com o apoio pessoal. Por isso, tinham uma organização com maior igualdade de obrigações e direitos, assim como de ganhos. Também havia casos de capitães que conseguiam ser tão bem-sucedidos que armavam uma nau por conta própria e contratavam ser viços de marinheiros. Eram grandes empresários ilegais. De qualquer maneira, para os inimigos dos corsários, para os que sofriam seus ataques, todos eram piratas.
Seria na América, sobretudo entre os séculos XVI e XIX, que os piratas e os corsários iriam ganhar a fama que têm até hoje. Eles saqueavam em toda a parte do continente americano, inclusive no Brasil. Mas foi especialmente no Caribe e nas Antilhas, na região do Golfo do México, na América Central, que eles iriam atuar. Essa era uma região de disputa de territórios entre espanhóis, ingleses, franceses e holandeses. Essas nações procuravam controlar territórios e mares, de maneira a aumentar o domínio colonial.
Ali encontravam-se verdadeiros "ladrões do mar", ao lado de "corsários do rei", circulando entre as inúmeras baías e ilhas da área, que favoreciam o esconderijo e a ação disfarçada de contrabando e roubo.
As disputas entre as coroas européias fez com que certos piratas ganhassem "cartas de marca", a autorização para agir em nome do rei, o que os transformava em corsários. No Caribe e nas Antilhas, esses piratas transformados em corsários iriam receber o nome de flibusteiros - no caso dos franceses e holandeses - e bucaneiros - no caso dos ingleses. Muitos ficaram famosos, como Francis Drake, o Capitão Kid e o Barba-Negra, todos ingleses, e o francês Jean Lafitte. [ .. .]
PAULO KNAUSS DE MENDONÇA.
Ciência Hoje das Crianças, n. 33, novo 1993.
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